'Quem é corinthiano, e só quem é corinthiano, sabe a dádiva que é ser corinthiano, tem ciência de que não há momento oportuno ou mais importante para ser Corinthians. Todo ano, todo mês, todo dia, todo minuto, todo segundo é a sagrada hora de ser Corinthians do ser Corinthians. Em todos os cantos do mundo. O importante é que, em qualquer tempo, em todas as maternidades de São Paulo, do Brasil, da América Latina e do planeta, novos seres humanos maculados pelo dominante e benigno gene do corinthianismo chegam orgulhosamente ao mundo. Já chorando, ritual de iniciação ao sofrimento intrínseco do ser corinthiano.
Seja rico ou pobre, more bem ou seja suburbano, caipira ou urbano. Vencer, perder e empatar são para os outros, para as outras torcidas de inveja embebecidas, entorpecidas pela incredulidade de constatar a nossa instintiva felicidade. Alegria que de tão corrosiva arde. Ser Corinthians não é opção, é herança, bonança desde bem criança, um estado de espírito. Evoluído como o de Chico. Abençoado destino, sublime desatino. É o passaporte para um mundo de emoção em regime de comunhão vitalícia e total de bens com 30 milhões de irmãos, manos e minas. Que de forma irmã se congratulam desse amor infinito. Muito mais bem sentido do que dito. Bendito. Nada é mais bonito.
Ser Corinthians é fazer parte do mundo todo e viver à parte, com mosqueteira arte. Destilar estilo. É ter o peito marcado, viver com o coração apertado, ganhar o seu suado, enfrentar busão apinhado, trem superlotado e não se sentir estorvado.
Ser Corinthians é crer no dogma do impossível. Acreditar sempre que tudo é possível, crível, verossímil, embora, orgasticamente, sempre mais difícil.
Ser Corinthians é vivenciar Corinthians, não condicionar, sempre estar Corinthians, viver apaixonado, amar e se sentir continuamente amado. Sentimento mais do que desejado. Guardado, cravado no coração com indomável devoção. Fidelidade cultivada com religiosidade.
Ser Corinthians é o alvinegro e cristalino sinal de civilidade que não tem idade. Não exige reciprocidade. Do recém-nascido à melhor idade, perpétuo compromisso com a felicidade, é dominar a rua, o bairro, toda a cidade.
Ser Corinthians é extravasar fronteira, assumir a dianteira, ser sempre a primeira. Em presença, decência, é respeitar a dócil sina de popularidade com respeitosa indulgência ao pobre coitado que pensa o contrário. É ser popular sem apelar para o popularesco. É ignorar o dantesco, o nababesco, é ser povo único, genuinamente pitoresco. Multiplicai-vos, essa é a missão da nação corinthiana. Quem sai dos seus não degenera. A alma vocifera à vera. O corinthiano é mortal, a razão de sua existência, não.
Infinita paixão centenária. Vida eterna ao Corinthians! Afinal, a própria vida é você!'
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